Nas últimas semanas, informes vêm apontando para um novo ciclo de crescimento no setor imobiliário brasileiro. O dado que mais circula é o da Mordor Intelligence: crescimento médio anual de 5,4% até 2029, com o volume de transações saltando de US$ 59,6 bi para US$ 77,5 bi.
Mas o que sustenta essa curva de expansão e até que ponto ela é sólida o bastante para orientar decisões de investimento, incorporação e posicionamento estratégico no setor?
Dados da Abrainc mostram um aumento de 45,3% nas vendas em 2024, consolidando a retomada que começou no pós-pandemia. Isso muda o tom da análise: não estamos falando de especulação futura, mas de um ciclo já em andamento.
Além disso, a expectativa de queda gradual da Selic em 2025 projeta um cenário de crédito mais acessível, tanto no varejo quanto nas linhas de apoio à produção. A combinação entre financiamento mais barato e programas habitacionais reforçados (como o “Minha Casa, Minha Vida” ampliado) deve manter o ritmo aquecido, especialmente nos segmentos econômico e de entrada da classe média.
Luxo, litoral e localização: os nichos imunes à volatilidade
Enquanto o setor popular depende fortemente do cenário macroeconômico, o segmento de médio-alto e alto padrão segue firme. Nas capitais e regiões litorâneas, a busca por ativos tangíveis, segurança patrimonial e diferenciação continua forte, inclusive entre estrangeiros e nômades digitais.
Oportunidade ou armadilha?
Apesar das boas perspectivas, o mercado não está livre de riscos:
- Um ciclo de queda da Selic abaixo do esperado pode travar o crédito novamente;
- Inflação, câmbio e cenário político ainda geram instabilidade;
- E o principal: há um gap claro entre as novas exigências dos consumidores e a velocidade de resposta do setor.
As oportunidades estão aí, mas não para quem repete os movimentos do ciclo anterior.
Incorporadoras e investidores que souberem ler o novo perfil de consumo, antecipar tendências regulatórias e otimizar projetos para liquidez e escalabilidade sairão na frente.
Para investidores, o momento exige estratégias bem planejadas, com foco em imóveis que ofereçam alta liquidez e potencial de valorização, enquanto para compradores, a negociação com incorporadoras e a busca por financiamentos vantajosos serão essenciais para viabilizar a aquisição de imóveis em condições favoráveis. Em ambos os casos, a compreensão das tendências e a análise cuidadosa das oportunidades serão fundamentais para o aproveitamento pleno deste ciclo de crescimento que se delineia para o mercado imobiliário brasileiro.





